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Terapia gênica contra o Parkinson Cientistas conseguiram recuperar células do cérebro e restaurar a capacidade de movimento em macacos e ratos Um time internacional de cientistas utilizou terapia gênica em dois estudos, para recuperar células do cérebro e restaurar a capacidade de movimento em macacos e ratos com uma forma induzida do mal de Parkinson. A primeira intervenção busca interromper o desenvolvimento da doença já na sua origem, enquanto a outra tenta amenizar os efeitos colaterais do tratamento da doença em seus estágios mais avançados. A terapia gênica é uma tecnologia, ainda altamente experimental, que busca corrigir doenças genéticas (causadas por um gene defeituoso) pela inserção de uma cópia correta do gene nas células do paciente. Nesse caso, ao inserir genes corretivos no cérebro de macacos, os cientistas induziram a produção de uma proteína que ajuda a nutrir células cerebrais. Acredita-se que essa proteína, chamada GDNF, preserva as células nervosas do cérebro e poderia oferecer proteção contra os efeitos degenerativos do mal de Parkinson, segundo o pesquisador Ron Mandel, da Universidade da Flórida. O estudo envolveu também cientistas das Universidades de Cambridge, na Inglaterra, e Lund, na Suécia. A eficácia terapêutica da GDNF contra o Parkinson, entretanto, é motivo de polêmica desde que a empresa de biotecnologia Amgen suspendeu experimentos com seres humanos em outubro. O laboratório alegou problemas de segurança, depois que alguns pacientes desenvolveram anticorpos contra a proteína. O mal de Parkinson é uma doença marcada pela perda de neurônios responsáveis pela produção de dopamina, um importante neurotransmissor, essencial para o controle das funções musculares. A terapia gênica, segundo Mandel, seria uma maneira de induzir a produção de GDNF no cérebro, oferecendo proteção a esses neurônios. Ele alerta, entretanto, que a estratégia ainda não é segura para ser testada em seres humanos. ‘Uma vez que você liga a GDNF, ela vai estar lá para o resto da vida. Por isso precisamos controlá-la. Estamos trabalhando nisso neste momento.’
No segundo estudo, com ratos, os cientistas usaram terapia
gênica para compensar um efeito colateral da droga Levadopa. O medicamento,
muito usado no tratamento da doença, eleva a produção de dopamina no cérebro,
mas em estágio avançado pode falhar e causar perda de movimentos. Riscos e benefícios A terapia gênica, advertem os pesquisadores, é uma técnica altamente promissora, mas que também envolve sérios riscos. Para inserir o gene correto no genoma do paciente, é preciso utilizar um vírus modificado, que serve como vetor para levar o material genético até o núcleo das células. Esses vírus são parcialmente desativados, de modo que não causem doença nem consigam se replicar dentro das células - como fariam normalmente. Ainda assim, trata-se de uma intervenção arriscada: o vírus pode dar início a uma reação imunológica. Outro fator de risco é que os cientistas não conseguem controlar onde o novo gene será inserido no genoma - ele pode se sobrepor a algum gene importante, ou ativar algum gene cancerígeno, por exemplo. Em 2003, o governo americano suspendeu 30 experimentos de terapia gênica depois que crianças que participavam de experimentos na França desenvolveram leucemia durante o tratamento. Em 1999, um paciente morreu durante estudo nos EUA. ___________________________________ Fonte: The Gainesville Sun, O Estado de S.Paulo, 23/3/2005, reproduzido em JC e-mail 2712, de 23/03/2005. |
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