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A vez da terceira idade
Existem serviços
que oferecem aos idosos tudo o que é preciso em texto: Priscila Gorzoni, foto: Keydisc Se fosse 20 anos mais velha, provavelmente a fisioterapeuta Juliana Aguiar não teria se especializado no atendimento de pacientes da terceira idade. Nos anos 80, os idosos representavam pouco mais de 10% da população e o mercado de trabalho por onde Juliana hoje transita mal existia - o país acreditava que seria jovem para sempre. O Brasil deste início de século 21 está muito diferente no que diz respeito à faixa etária de seus habitantes. A mais recente pesquisa realizada pelo IBGE mostrou que 14,5% dos brasileiros, algo em torno de 24 milhões de pessoas, têm mais de 60 anos. A projeção para os próximos dez anos mostra que essa população subirá para 34 milhões. Não é sem razão que já somos um dos países em desenvolvimento que possui uma das maiores taxas de crescimento da população idosa. A causa principal dessa mudança está relacionada a dois fatores: a modesta melhoria na qualidade de vida e a redução da taxa de mortalidade infantil. O aumento da população com mais de 60 anos fez crescer a oferta de serviços destinados a essas pessoas nos grandes centros urbanos. Embora não exista uma política pública específica ao idoso, várias entidades, organizações e empresas tentam preencher essa importante lacuna por meio de atividades sociais e culturais, e de programas de saúde. "Manter-se em atividade é fundamental para a saúde dos idosos", observa Juliana Aguiar. "As atividades culturais e físicas previnem doenças e depressão. Aposentar a mente é um perigo." Diversão, bom negócio O lazer é o segmento da terceira idade que mais cresce. Constantemente surgem novas entidades que congregam estas pessoas, o Sesc é a principal delas. Suas unidades executam ações para a terceira idade nas áreas de expressão artística, artesanato, literatura, biblioteca, cinema, vídeo, educação, recreação, trabalhos em grupo, desenvolvimento físico, saúde e turismo. "Esses trabalhos têm como objetivo a reinclusão do idoso, a redescoberta da motivação e novas propostas de vida através de atividades culturais e de lazer", observa Lilia Ladislau, socióloga especialista em gerontologia social e assistente técnica da gerência de estudos e programas de terceira idade do Sesc São Paulo. viagens divertidas Os especialistas são unânimes ao afirmar que o turismo é a melhor forma de socialização e formação de vínculos pessoais, dois itens decisivos nessa fase de vida. Em função disso, cresce a olhos vistos o número de empresas particulares especializadas em levar grupos de terceira idade para conhecer as diferentes partes do Brasil. O Senac, entidade sem fins lucrativos, também colocou, literalmente, o pé na estrada. Sua unidade de São Paulo desenvolveu o programa "Feliz Idade" que, em parceria com o Grand Hotel Senac de Campos de Jordão e o Grande Hotel Senac São Pedro, leva idosos para conhecer estas duas cidades serranas. O programa inclui diária com pensão completa, passeios e sessões de relaxamento e hidromassagem. Corpo saudável Os exercícios são importantíssimos para os idosos. Eles ajudam a evitar a perda de massa muscular e óssea, dois de seus maiores inimigos. Atividades físicas, como o alongamento, fortalecem os músculos e melhoram as articulações e o bem-estar físico. "A atividade física libera alegria por meio das endorfinas, que são os hormônios da felicidade, um dos melhores remédios para a alma", salienta a fisioterapeuta Juliana Aguiar. Cada dia são maiores as opções para os idosos que querem sentir no corpo (e na alma) os efeitos dos exercícios. Todas as unidades do Sesc fornecem atividades físicas como ioga e natação, entre outras. Empresas particulares (como academias) também realizam esses serviços gratuitamente. A carioca Energia Vital, por exemplo, dá aulas no estacionamento do shopping Nova América. Isso sem falar naquelas que desenvolvem programas para grupos de terceira idade (com preços especiais). Alimentação balanceada "Nesta fase da vida ocorrem várias mudanças que influenciam diretamente a nutrição do idoso", destaca a nutricionista paulista Patrícia Cruz. Há uma diminuição das papilas gustativas, que resulta na perda do gosto do doce e salgado. Isso sem falar nos efeitos colaterais provocados por medicamentos - que podem diminuir o paladar, o apetite, a digestão e a absorção de alguns nutrientes - e nas dificuldades provocadas pela falta da arcada dentária. "Por tudo isso, a dieta do idoso deve ser equilibrada oferecer nutrientes de acordo com a patologia presente. Precisa ser rica em fibras, cálcio, ferro", diz a nutricionista. Mais: devemos nos preocupar com o fator psicossocial, muitos idosos vivem sozinhos e freqüentemente desenvolvem depressão por causa da baixa produtividade e mobilidade. Para eles foram desenvolvidos os serviços de "home care", oferecidos pelos hospitais. Essa assistência domiciliar é realizada, quase sempre, por uma equipe multidisciplinar, formada por médico, enfermeiro, nutricionista, assistente social e fisioterapeuta, que cuida e acompanha o idoso em sua casa. Casa bem adaptada Alguns objetos de decoração podem atrapalhar a movimentação do idoso em casa. Tapetes, escadas ou bancos que antes apenas enfeitavam a sala podem causar quedas graves. Pequenas arrumações e adaptações solucionam o problema. "O ideal é abolir os tapetes, para evitar que o idoso corra o risco de escorregar e cair", aconselha Juliana Aguiar. As barras especiais para banheiros também evitam quedas. Preocupese também com a iluminação, opte por ambientes claros, pois a visão do idoso tende a enfraquecer. Os sofás devem ser mais firmes, duros e com almofadas coloridas. "Brinque com os contrastes e cores fortes para divisar os objetos", indica a fisioterapeuta.
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Fonte: Revista Vida Executiva
http://revistavidaexecutiva.uol.com.br/Edicoes/9/artigo5258-1.asp |
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