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Aspectos importantes na arquitetura de hotéis
que hospedam idosos

 

Por Maria Luisa Trindade Bestetti pesquisadora mentora

 

Os espaços destinados aos hotéis são, naturalmente, pensados como moradia temporária. Portanto, a estadia do hóspede deve ser a mais conveniente possível, dentro dos parâmetros definidos pela direção do empreendimento, de modo a proporcionar o desejo de voltar. São como abrigos periódicos e, como tais, passam a significar conforto e segurança às pessoas nas mais variadas faixas etárias e com objetivos diversos.

 

A segmentação turística permite definir quais grupos de pessoas caracterizam os hóspedes mais freqüentes neste ou naquele hotel, motivo pelo qual são promovidos esforços para atender às suas necessidades específicas. Executivos, famílias ou grupos a passeio, quaisquer hóspedes devem obter do empreendimento serviços que atendam suas expectativas.

 

Os indivíduos idosos, considerados nesse grupo a partir dos 60 anos, estão em visível mudança de hábitos. Até vinte anos atrás ter 60 anos ou mais significava estar com idade avançada, mas a medicina preventiva, associada a uma alimentação balanceada e exercícios físicos, fez com que a longevidade aumente gradativamente e apresente melhor qualidade de vida. Assim, já não podemos mais imaginar que, necessariamente, pessoas com 80 ou 90 anos dependam de cuidados especiais, pois há grandes possibilidades de terem autonomia suficiente para ocuparem os espaços e serviços oferecidos pelo hotel.

 

Os idosos são, em geral, portadores de necessidades especiais porque o organismo degrada com a idade, com maior ou menor rapidez. Deficiências auditivas e visuais, assim como redução dos movimentos por falta de exercícios com as articulações, são alguns dos casos mais freqüentes e que não impedem que um indivíduo deixe de viajar, seja com que objetivo for. Mas há algumas providências fáceis de tomar quando pensamos nesse grupo crescente e significativo nos meios de hospedagem.

 

Utilização de pisos adequados, assim como móveis sem cantos ou quinas, podem evitar quedas. Também utilizar cores estimulantes e contrastantes, mesmo que suaves, melhoram a identificação dos equipamentos, associando a uma iluminação eficiente e bem localizada. Banheiros com desníveis chanfrados podem evitar tropeços, mantendo a propriedade de proteger a área seca. As barras de apoio são, ainda, símbolos com os quais percebemos nossos preconceitos, mas se imaginarmos que qualquer pessoa, e em qualquer idade, pode usufruir elementos que lhe dêem segurança e conforto quando estamos expostos a escorregões, sem óculos e sujeitos a efeitos do cansaço, é possível perceber que eles são convenientes a qualquer pessoa dos mais variados padrões antropométricos. Havendo limitações físicas, esse conforto torna-se muito mais significativo.

 

Materiais de revestimento com tratamentos antiácaro, além da eliminação de superfícies que acumulem poeira e da limpeza periódica dos sistemas de ar condicionado, são medidas preventivas contra possíveis alergias. Móveis em alturas adequadas e posicionados de modo conveniente também facilitam a redução de esforços desnecessários. Armários fechados, assim como varões para cabides muito altos, são inúteis e passam a ser ociosos. Bons apoios para malas e sacolas facilitam a organização da bagagem.

 

Os espaços comuns, como corredores, restaurantes e lobby, também devem ser considerados com a presença de pessoas idosas, para quem a noção de tempo difere daquelas que trabalham induzidas por horários e pressões de deslocamento. É necessário preverem-se espaços de distração, projetados de modo a atenderem quaisquer hóspedes. Um serviço de atendimento médico simplificado, para pequenos exames tais como medição de pressão arterial e batimentos cardíacos, acaba por transmitir ao hóspede inseguro quanto à sua saúde a possibilidade de atendimento imediato, mesmo que o encaminhe para um especialista.

 

Portanto, alguns cuidados com o programa arquitetônico e pequenas intervenções que significam grande acréscimo de conforto e segurança, serão elementos que diferenciarão os hotéis que recebem o segmento da terceira idade, crescente e muito exigente no movimento turístico mundial. Vale lembrar que estamos vivendo mais e melhor, o que comprova um futuro próximo com mudança de paradigmas no uso de instalações hoteleiras, em especial para que nos sintamos com o bem-estar que procuramos ao deixarmos nossos lares em busca de novos horizontes.

 

Atender a esse grupo com renda definida e relativamente estável, além de dispor de tempo em qualquer época do ano, representa responder aos anseios dessa comunidade que viaja cada vez mais e que passa a interessar-se pelos serviços hoteleiros pela flexibilidade que oferecem. Não raro encontramos pessoas que viajam mais tempo do que permanecem em suas casas, pela animação que essa atividade proporciona e pela facilitação do dia-a-dia do habitar. É hora de investirmos nesses consumidores.