Ato médico: contra
Aloysio Campos
da Paz Júnior
(Cirurgião-Chefe da Rede SARAH)
Lúcia Willadino Braga (Diretora-Executiva da Rede SARAH)
Em relação à "lei do ato médico", a Rede Sarah de Hospitais
de Reabilitação tomou a iniciativa de enviar a carta descrita abaixo
aos parlamentares do Senado Federal:
Em nosso nome e em nome de 5.000 profissionais de saúde que atuam na
Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, em 6 unidades da Federação,
realizando mais de um milhão e trezentos mil atendimentos de
brasileiros, totalizando acima de dezesseis milhões e quinhentos mil
procedimentos por ano, protestamos veemente contra o Projeto de Lei
que visa definir o alcance do ato médico, ora em tramitação no
Senado Federal.
A Rede Sarah, como outras instituições de renome internacional, se
projetou implantando desde os seus primórdios uma atuação
multidisciplinar, na qual vários profissionais de várias áreas do
conhecimento se dedicam à reabilitação de pessoas que ficaram
incapacitadas.
Interdisciplinariedade implica em co-responsabilidade e não em uma
visão vertical da
ação de saúde. A aprovação do Projeto de Lei do Ato Médico, como
proposto, coloca o Brasil na Idade Média, na contramão de tudo o que
está sendo feito no mundo.
Além do mais queremos declarar enfaticamente: é imprescindível a
rejeição pura e simples de tal Projeto e não sua "amenização", como
tem sido feito
em relatorias. Este projeto significa na prática a extinção da possibilidade de
qualquer progresso não só na reabilitação, mas em qualquer área da
saúde.
Na justificativa apresentada para tramitação da lei está dito: "A
medicina é uma profissão conhecida desde a antiguidade".
Pergunta-se: É a essa antiguidade que se quer voltar? Se for assim,
para vergonha de nosso País só nos restará a ditadura do
corporativismo médico e o obscurantismo que disto resultará.
Este assunto é de tal relevância para as ações de saúde no Brasil
que tomamos a iniciativa de enviar cópia desta carta a todas as
pessoas que na Rede Sarah se tratam ou se trataram.
A Rede Sarah tem certeza que a sua sensibilidade e ação evitarão o
retrocesso e conta com a sua energética rejeição a este projeto de
Lei.
Como vocês viram esta carta foi enviada para milhões de
brasileiros. Anexado a esta carta, a Rede Sarah mandou o seguinte
recado aos seus pacientes:
Achamos importante informá-lo do perigo que a Rede Sarah
corre, se for aprovada a "Lei do Ato Médico" que, no momento, está
sendo discutida no Senado Federal Isso porque, ela subordina toda e
qualquer atividade na área da saúde a uma decisão exclusiva de um
médico.
Você teve a oportunidade de viver, durante seu tratamento, um
dia-a-dia povoado por profissionais de várias áreas, que somaram
esforços para diminuir ou eliminar seu problema de saúde. Além de
médicos, você conviveu, até muito mais, com enfermeiras, terapeutas,
técnicos de várias áreas que, somando seus esforços, procuraram dar
o melhor para você.
Entretanto, se essa Lei for aprovada, tudo isso acaba. Você ficará
submetido, não só aqui, mas em todo o Brasil, a uma medicina que não
permite a participação de todos esses profissionais. Porque
participar é ser também responsável.
Foi tomado, portanto, por essa revolta, que escrevemos a carta que
anexamos, a todos os deputados e senadores, e resolvemos enviar essa
cópia para você, porque, afinal, é você que os elege e, portanto,
tem direito, também de protestar caso deseje.
E mais, os profissionais da Rede Sarah também receberam uma carta
que segue abaixo:
O Projeto de Lei do Ato Médico subordina aos médicos todos os outros
profissionais que atuam em hospitais. Todas as ações desenvolvidas
em qualquer área do hospital, que envolvam ou documentem cuidados
com o paciente, ficam diretamente coordenadas por um médico,
independente de sua idade, tempo de casa e experiência acumulada. É,
em outras palavras, a implantação da "medicocracia", a
institucionalização da mediocridade. Tem diploma médico?
Independente da qualificação, pode fazer e
acontecer...
Como você sabe, aqui na Rede Sarah,
valorizamos cada profissional. Tratar um pessoa é um ato de
co-responsabilidade, é a participação de todos. Se o Projeto for
aprovado, tudo que foi construído até hoje, por todos nós, fica
sujeito a, no tempo, ser destruído. Achamos importante que você
tomasse conhecimento disso, pois, a partir do momento em que as
cartas forem distribuídas, naturalmente, pacientes com os quais você
convive, ou pessoas da comunidade, irão te perguntar: "o que está
acontecendo?".
Assim, bem informado, você poderá
participar de um grupo grande de pessoas que se propõe a defender
tudo o que o Sarah representa.
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Trabalho com idosos
demênciados faz algum tempo e percebo que está mais do que
comprovado que deve haver uma conversa, uma harmonia entre
a medicina alternativa e a alopatia. Na área da psicologia
foi autorizada a acupuntura, conheço muitos médicos que
não concordam, mas que mesmo assim, além de aplicá-la,
utilizam-se de outros recursos alternativos, obtendo bons
resultados. Porém, para se manterem aceitos no conselho
regional de medicina, explicam para os pacientes que não
podem assumir, quando na verdade deveriam fazê-lo,
promovendo pesquisas na área e possibilitando uma abertura
para essa discussão. A lei do ato médico só vem confirmar
que os conselhos de medicina estão assustados devido ao
fato das pessoas, hoje em dia, já aceitarem outros
recursos de tratamento. Acho que a indústria farmacêutica
de certa forma vem pressionando os médicos e seus
conselhos a terem mais autoridade ao decidir o que é ou
não melhor para seu paciente. Sabemos que em alguns casos
as doenças alérgicas por exemplo estão muito ligadas a
psicossomatização, mas quantas crianças vivem tomando
antibióticos por anos até ouvirem uma segunda opinião?
Como na Gerontologia, as formas de se envelhecer exigem
uma conversa entre as áreas da saúde, um entendimento, um
trabalho de equipe, que não disputa poder. Devemos nos
utilizar das políticas, buscando levantar discussões
construtivas no sentido de desenvolver projetos e
pesquisas em áreas de pouco investimento e interesse, mas
de muita necessidade.
Enviado por Ana Lúcia
Marques de Souza
lunasouza@uol.com.br
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