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Informação Genética e Medicina

 

Vivemos numa época sem precedente, com enorme potencial para transformar nossas vidas de modo nunca imaginado. Eloi S. Garcia, pesquisador e ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, é Superintendente de Desenvolvimento Científico da Secretaria de C&T e Inovação do RJ e membro da Academia Brasileira de Ciências.

 

Por Eloi Garcia


Embora a biotecnologia tenha originado em
1750 AC, somente recentemente foi revelado o mapa do genoma humano levando a uma compreensão maior da origem das doenças e como combatê-las além de como os genes e as proteínas podem influenciar o bem estar de uma pessoa.

Um dos avanços mais significativos na área médica foi a utilização do DNA para propósitos forenses, clonagem, identificação de marcadores genéticos que predispõe ou desenvolve doença em uma pessoa e a produção de novos medicamentos para tratar patologias antes tidas como incuráveis.


Não resta dúvida de que a informação genética é um importante veículo para o sucesso da medicina. A seqüência do DNA humano somente foi possível utilizando-se computadores poderosíssimos e desenvolvendo técnicas de seqüência de alta velocidade e sensibilidade.


Hoje, praticamente é impossível realizar uma pesquisa genética sem um computador potente, sistemas de estoque de informações e software para manusear grandes volumes de dados. Em 1949 iniciou o estudo de uma nova área do conhecimento, a farmacogenômica,. Linus Pauling demonstrou que a mutação na molécula da hemoglobina resultava na anemia falciforme.

No entanto, somente em 1958 foi descoberto que esta mutação estava relacionada à troca de um simples aminoácido. Com o mapa genômico completo e das proteínas em progresso estes conhecimentos a compreensão sobre as patologias terá um grande avanço.


Um belo exemplo desta necessidade tecnológica está no progresso da convergência de informação genética e a Síndrome Aguda Severa Respiratória (SARS). Foi obtida em tempo recorde a seqüência do coronavírus, provável agente da doença. Agora a ciência da informação e a biologia estão cada vez mais próximas na busca de vacinas contra a SARS.


O conhecimento de que genes podem ser ‘ativados’ ou ‘desativados’ levou ao desenvolvimento de várias drogas. Por exemplo, o Enbrel ® alivia os sintomas da artrite reumatóide por inibir o fator de necrose tumoral (TNF) de atrair citoquinas inflamatórias. A Herceptin foi desenvolvida para bloquear o gene HER-2 que é expresso em demasia em certos tumores de mama.


Devido o impacto da genômica e proteômica na área médica, as empresas biotecnológicas têm investido milhares de dólares nestes conhecimentos, principalmente, na área de testes de novas drogas, diagnóstico de doenças e respostas a medicamentos.

 

Hoje, mais de 100 novos medicamentos estão sendo desenvolvidos contra câncer. Algumas destas drogas têm a vantagem de somente agir nas células doentes, não afetando as células normais. Calcula-se que utilizando desta nova biotecnologia, trinta mil novos medicamentos terão sido desenvolvidos até 2020, fazendo a expectativa de vida do cidadão aumentar e o mundo menos sofrido com as doenças que hoje afetam os seres humanos.


A medicina e a pesquisa genômica têm uma relação muito próxima. Os profissionais destas áreas terão que manusear uma grande quantidade de informação para utilizá-las em um diagnóstico melhor e na decisão do tratamento. Realizando-se um simples teste de diagnóstico poderá descartar medicamentos que induzirá efeito colateral no indivíduo.


No futuro, utilizando-se desta nova medicina, o médico será capaz de diagnosticar e tratar o paciente como indivíduo e não como uma estatística, e poderá prescrever os cuidados preventivos, ou seja, antes do paciente apresentar os sintomas da doença.


Esta precisão médica está em seu início. Um belo exemplo esta na droga Herceptin, para tratamento de câncer de mama agressivo. Este medicamento poderá induzir um alto potencial de cura se a paciente tiver um certo perfil, identificado através de teste genético. Assim os trabalhos em genética de população são importantes, pois, pode identificar genes e alvos para medicamentos em doenças como artrite, esquizofrenia e atrofia muscular, entre outras.


Seguindo esta linha, cientistas estão investigando a relação entre a genética e o ambiente, e verificando a susceptibilidade genética de pacientes com doenças cardiovasculares e respiratórias e a influência ambiental, tal como cultura e ‘status’ sócio-econômico, grau de escolaridade, fumo, poluentes, viroses, alergênicos, dietas e obesidade.


Todos estes exemplos demonstram que estamos vivendo numa época sem precedente, com um potencial enorme para transformar nossas vidas de modo nunca imaginado.
Isto é somente o início da revolução levada pela convergência da biotecnologia, informação genética e a medicina. Por certo, a vida será mais saudável em futuro próximo.

 

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Fonte: JC e-mail 2706, de 15/02/2005.

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