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Terri Schiavo morre aos 41
anos
nos
EUA
A
americana
Terri Schiavo, 41,
que
vivia
em
estado
vegetativo havia 15
anos,
morreu nesta
quinta-feira
no
hospital
Pinellas Park (Flórida)
após
longa
batalha
judicial
entre
seu
marido,
Michael Schiavo, e
sua
família.
O
tubo
que
alimentava Terri foi retirado no
último
dia
18.
15.out.2003/Arquivo
pessoal

Terri Schiavo e a
mãe,
em
foto
divulgada
pela
família
Ela
era
mantida
viva
artificialmente,
e recebia
alimentação
por
meio
de
um
tubo
inserido
em
seu
estômago.
A
informação
da
morte
foi divulgada
pelo
porta-voz
dos
pais
de Terri, o
frei
católico
Paul
O'Donnell, e
por
George Felos,
advogado
de Michael Schiavo,
marido
da
paciente
e
seu
guardião
legal.
Ainda
não
foi divulgada a
causa
da
morte
de Terri,
mas
os
médicos
previam
que
ela
morreria de
inanição
em
até
duas
semanas,
após
o
desligamento
do
tubo
que
a alimentava. Terri foi
motivo
de uma das
mais
polêmicas
disputas
judiciais
nos
Estados
Unidos, envolvendo
seus
pais
--Bob e Mary Schindler-- e Michael. A
luta
envolveu
até
mesmo
o
Congresso
dos
Estados
Unidos, e o
presidente
George W. Bush
também
intercedeu no
caso.
Chris
Meara/AP

Mary,
mãe
de Terri, recebe
apoio
após
a
morte
da
filha
Michael afirma
que a
mulher dissera repetidas
vezes
--antes de
entrar
em
estado
vegetativo--
que
não
gostaria
que
sua
vida
fosse mantida
artificialmente.
Além
disso,
ele
defende a
posição
dos
médicos
que
dizem
que
o
estado
de
saúde
de Terri --vegetativo persistente--
era
irreversível.
Entretanto,
Bob e Mary Schindler afirmavam
que
ela
teria
um
estado
menos
grave
de
dano
cerebral,
denominado "estado
de
consciência
mínima",
e defenderam
sua
sobrevivência
até
a
noite
desta
quarta-feira,
quando
apelaram
pela
última
vez
à
Suprema
Corte
americana,
que
rejeitou a
revisão
do
caso.
Há 15
anos,
o
cérebro
de Terri sofreu
graves
danos
porque
seu
coração
parou de
bater
por
alguns
minutos
--provavelmente
devido
a uma
parada
cardíaca
causada
por
deficiência
de
potássio.
Desde
então,
ela
se encontrava no
que
os
médicos
chamam de
estado
vegetativo
persistente.
Necropsia
Logo
após
a
morte
de Terri,
seu
corpo
foi transportado
para
o
departamento
de
Exames
Médicos
do
Condado
de Pinellas,
onde
seu
corpo
passará
por
uma
necropsia,
a
pedido
do
marido.
Michael solicitou o
exame
nesta
terça-feira
para
confirmar
a
existência
de uma
lesão
no
cérebro
de Terri. A
família
concordou na
realização
da
necropsia.
Os
médicos
também
poderão
determinar
a
causa
da
morte
da
paciente
com
o
exame
do
corpo.
_________________________
Fonte:
Folha
Online,
31/03/2005
Minha amigas e meus amigos
O que vimos acompanhando, no
estardalhaço da mídia, sobre os acontecimentos do final da vida de
Terri Schiavo, para além da comoção, nos oferece a oportunidade para
pensar as nossas questões mais íntimas sobre as nossas (in)decisões
nos assuntos de vida e morte, de uso de tecnologias médicas e,
especialmente, no valor dos sentimentos amorosos que regem o cuidado
e que subvertem lógicas e leis.
Falando em subverter, até a
etimologia da palavra eutanásia andou sendo destronada, pois não
parece nada boa a morte por falta de alimento e água, ainda que se
considerem condições e circunstâncias ditas vegetativas.
Enfim, Terri morreu hoje. Seus
últimos dias a fizeram uma 'celebridade', "um joguete de interesses
políticos entre republicanos e democratas.". Muito foi noticiado e
comentado. Mas, no domingo passado, a entrevista de Leo Pessini ao
Estado de São Paulo nos aponta alguns caminhos de reflexão:
"Quem pede para morrer está gritando por um sentido numa vida sem
sentido."
"A bioética é um grito pela dignidade humana. Defende a vida num
sentido amplo, que se estende pelos níveis ecológico e cósmico. ...
Ela prega, na verdade, a ortotanásia, que é a morte o seu tempo
certo, reta, digna, sensível ao processo de humanização."
"Quando vejo os pais dizendo: 'devolva-nos Terri, que vamos cuidar
dela', honro essa vontade, a dos cuidados paliativos e da
humanização. Ao cortar a água e a comida, os médicos abrem um
precedente muito perigoso. Consiste num ato de violência contra um
dos direitos humanos mais sagrados, que é o de saciar a fome e a
sede. O fato de ter ficado dependente ou inconsciente não lhe tira a
dignidade de ser."
"Na minha família, todos conhecem o meu desejo de me deixarem morrer
em paz. Mas, depois do caso Schiavo, em que os familiares se
dividiram, talvez seja melhor deixar isso por escrito."
Com tristeza e perplexidade,
Ligia Py |
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