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Cientistas terão de criar linhagens
próprias de células-tronco
 

Brasil não poderá depender só de células embrionárias importadas,
dizem pesquisadores

Herton Escobar

Agora que as pesquisas com células-tronco embrionárias estão liberadas no Brasil, um dos principais desafios dos cientistas será desenvolver linhagens próprias dessas células, em vez de depender da importação de linhagens estrangeiras.

Para isso, terão de aprender a isolar as células de embriões humanos e multiplicá-las em cultura, sem que elas percam suas características embrionárias – um obstáculo nada trivial. ‘Trata-se de um passo crucial de domínio tecnológico’, diz Antonio Carlos Carvalho, coordenador de Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, que já faz pesquisas com células-tronco adultas para terapia cardíaca.

‘Será muito importante dominar essa técnica e poder trabalhar com células-tronco embrionárias brasileiras.’ Só que isso não vai ser nada fácil, admitem os pesquisadores. O meio no qual as células precisam ser mantidas é caro e estudos semelhantes com células de camundongo já demonstram a dificuldade da cultura.

As células-tronco de embriões têm uma tendência natural para se transformar em células especializadas – são elas, afinal, que dão origem a todos os tecidos do organismo.  Para estudar (e eventualmente controlar) esse processo de diferenciação, entretanto, os cientistas precisam primeiro ser capazes de mantê-las em seu estágio embrionário.

Apesar da dificuldade, o uso de linhagens prontas importadas é uma opção menos atraente, segundo a pesquisadora Lygia Pereira, da USP. Elas são fornecidas gratuitamente por laboratórios públicos americanos, mas costumam ser amostras de qualidade inferior.

Uma vez que tiverem as linhagens estabelecidas, o próximo desafio dos cientistas será controlar a diferenciação das células embrionárias em tecidos especializados – do coração, do fígado, do cérebro etc. Carvalho, por exemplo, quer pesquisar a transformação de células-tronco embrionárias em cardiomiócitos (células do tecido cardíaco).

‘Estamos esperançosos com os resultados das células-tronco adultas, mas é sempre bom ter uma carta na manga.’ A expectativa, no futuro, é usar as células-tronco como peças terapêuticas para a recuperação de tecidos lesionados e o tratamento de doenças degenerativas, como mal de Parkinson e Alzheimer.

Ainda não há uma definição de quantos laboratórios no Brasil estão aptos a trabalhar com as células-tronco embrionárias. As pesquisas só foram liberadas no mês passado, com a aprovação da nova Lei de Biossegurança, e o primeiro edital federal para estudos, anunciado nesta quarta-feira.

Nos próximos dias, deve ser criado um grupo de trabalho para mapear as potencialidades do país nessa área.  Os embriões devem ser fornecidos pelas clínicas de reprodução humana, que também têm interesse em participar das pesquisas. Pela lei, só podem ser usados embriões produzidos por fertilização in vitro, que estejam congelados há mais de três anos e sejam doados para pesquisa pelos pais.  Ainda não se sabe ao certo, entretanto, quantos desses embriões existem no país.

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Fonte: O Estado de SP, 21/4, reproduzido pelo JC e-mail 2752, de 22/04/2005.

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