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Serra fecha 313 salas de aula para adultos
São Paulo tem 400 mil analfabetos adultos; entidades promovem hoje
Por Fabiane Leite A administração José Serra (PSDB-SP) informou ter fechado desde o início do ano 313 salas de um programa de alfabetização de jovens e adultos que contava com 1.284 classes em dezembro de 2004. Segundo a prefeitura, o principal motivo para a medida é o número de pessoas presentes nas classes, que estaria abaixo do exigido pela regulamentação do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos). A capital paulista tem cerca de 400 mil adultos analfabetos (acima de 14 anos), e o número de atendidos, que era de 25,6 mil pessoas até 2004, hoje é de 19.420, segundo dados da própria administração. A decisão gera revolta entre as entidades responsáveis pelas aulas do Mova, professores e alunos, que fazem um protesto hoje às 10h na Câmara. Segundo as entidades, não houve transparência na decisão, tomada com base, em alguns casos, em uma única visita às classes, em que é exigida a presença de no mínimo 15 alunos. Elas esperavam que a prefeitura avaliasse os motivos das faltas e sanasse eventuais problemas antes de fechar as salas, uma vez que ainda há muita demanda. Algumas mantêm a assistência voluntariamente. De acordo com a prefeitura, onde houve o fechamento, os alunos foram reagrupados ou orientados a procurar uma escola pública que tenha educação de jovens e adultos. Entidades dizem que nem sempre os alunos aceitam a mudança, por terem criado vínculos ou por não considerarem o novo lugar adequado. As aulas do Mova, criado na administração Luiza Erundina (1989-1992) pelo educador Paulo Freire, são ministradas por entidades conveniadas, que recebem R$ 600 por classe por mês para pagar o educador comunitário, o coordenador e o funcionário responsável pela área administrativa, além da manutenção da sala, viabilizada pela conveniada.
"Pedimos à
secretaria que não faça o que o [ex-prefeito] Paulo Maluf fez. Foram
oito anos em que o Mova só sobreviveu, em alguns lugares, por causa
da ajuda do próprio aluno, quando o acesso à educação é um direito",
afirma Ionilton Gomes de Aragão, coordenador de uma das entidades
responsáveis pelas aulas e representante da região Sudeste na
coordenação nacional do Mova. Desistência Com quatro salas eliminadas, a Sociedade Santos Mártires tem alunos fora da escola, conta a coordenadora Maria Muniz.
"Os alunos queriam
me pagar", contou uma das educadoras, Claudina Vicente da Silva, 45. __________________________________ Fonte: Folha de S.Paulo, da Reportagem Local, 29/06/2005 |