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Tratamento faz doentes de Parkinson voltarem a tocar piano

 

Reencontrar o prazer de tocar piano ou de simplesmente voltar a dar suas caminhadas são alguns dos benefícios que o tratamento com estimulação cerebral vem trazendo às vítimas do mal de Parkinson no mundo inteiro.

 

Aplicado em cerca de 30 mil pacientes desde 1995, 15 mil deles na Europa e dois mil só na França, segundo declarações de especialistas durante o 8º EFNS (Congresso da Federação Européia de Sociedades de Neurologia), que acontece em Paris até quinta-feira, a terapia pode beneficiar um número de pessoas muito maior, algo em torno de 250 mil.

 

Calcula-se que o mal de Parkinson afete 1,5 milhão de pessoas na Europa, com 150 mil novos casos diagnosticados a cada ano, em geral acima dos 60 anos, mas cerca de 10% são registrados antes dos 40 anos. Um ex-professor de música, ao fazer um pequeno recital de piano durante o congresso, testemunha a melhora que o dispositivo de estimulação cerebral pode trazer, comercializado com o nome de Kinetra pela empresa Medtronic.

 

Apesar disso, a terapia atinge apenas uma pequena parte dos portadores do mal de Parkinson, entre 5 e 10%, segundo os neurologistas. É indicada geralmente para pacientes com menos de 60 anos. "A demência e problemas psiquiátricos são as contra-indicações", acrescenta o professor Yves Agid (Pitié-Salpétrière, Paris).

 

Impulso

O tratamento, que foi descoberto entre 1987 e 1990, melhora de forma perceptível os tremores, a rigidez que caracteriza a doença e possibilita a redução da ingestão de outros medicamentos que têm como conseqüência movimentos anormais.

 

"Diminui a necessidade de medicamentos e a dependência, gerando economia para o sistema de saúde", segundo a médica Mary Baker, presidente da Associação Européia contra o mal de Parkinson (EPDA).

 

Desenvolvido na França, em Grenoble, pela equipe do professor Alim-Louis Benabid, o procedimento consiste na transmissão de impulso em alta freqüência por intermédio de eletrodos implantados em uma área do cérebro (sistema nervoso central) associada aos movimentos.

 

O neuroestimulador que gera impulsos elétricos é implantado sobre a pele (como um estimulador cardíaco), no peito. A eletroestimulação do cérebro é usada em outras doenças como casos graves de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Síndrome de Gilles de la Tourette e distonias (patologia que causa contrações musculares involuntárias), segundo Agid.

 

Aos 60 anos, sobre estimulação cerebral desde 2003, Luitgard Treml-Lenz reencontrou o prazer de tocar piano e de andar de bicicleta. Ela supera gradativamente a dificuldade para desempenhar atividades cotidianas (comer, se vestir). Com o avanço da doença, diagnosticada em 1984, ela se aposentou em 1992. "Eu tinha parado de ir ao supermercado, pois não conseguia nem mesmo pegar o dinheiro da bolsa", conta.

 

Fonte: Folha de S. Paulo, 7/9/2004

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