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Idosos mantêm lugar no mercado de trabalho
Fátima Fernandes A idade não pode e não deve ser limite para o trabalho. É que o defende Dora Santini Tavares, 76, funcionária da Pizza Hut do shopping Paulista, em SP, onde trabalha há quase um ano como atendente. No meio dos colegas de trabalho - uma "rapaziada" ao redor de 20 anos-, Dora diz ter conquistado seu espaço no apertado mercado de trabalho com sua simpatia, vontade de viver e determinação. "Não é bom depender de ninguém." Com uma jornada diária de quatro horas, das 12h às 16h, e uma folga por semana, ela diz que o trabalho vale a pena na sua idade. "Fiquei parada durante 15 anos. Eu era uma pessoa deprimida e não me cuidava. Voltei a me sentir como há 20 anos", diz. Dora faz parte de um grupo do mercado de trabalho que tem participação importante no total da PEA (População Economicamente Ativa) e na contribuição da renda familiar. Em 2003, a participação das pessoas com mais de 60 anos na PEA era de 21,9% na região metropolitana de São Paulo, segundo levantamento do Dieese e da Fundação Seade. Esse percentual tem se mantido nos últimos anos. Isso significa que 357 mil pessoas com mais de 60 anos faziam parte do mercado de trabalho. Dessas, 328 mil estavam ocupadas e 31 mil, desempregadas. "Existem mais idosos trabalhando na região metropolitana de São Paulo do que toda a população de muitas cidades do interior", diz Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese. Os ocupados com mais de 60 anos estão mais concentrados no setor de serviços (52,8%) e no comércio (22,3%). Na indústria, a participação é de 11,9%. "Esses números mostram que, para melhorar a renda, o aposentado volta para o mercado de trabalho." Dos ocupados com mais de 60 anos, 43,9% são autônomos; 31,4%, assalariados; 9,8%, empregados domésticos e 9,7%, empregadores.
No caso de Dora, o salário que recebe "é para comprar roupinhas, perfume e não ter de pedir dinheiro para o marido", que é aposentado. O plano de saúde e a cesta básica são considerados "um alívio" nas contas do mês. Stanley Wu, 74, empacotador há sete anos do Pão de Açúcar de Pinheiros, diz que trabalha porque gosta e para complementar a renda. "A aposentadoria é pequena. Depois que comecei a trabalhar nunca faltou dinheiro em casa", afirma o chinês, que vive há 46 anos no Brasil. Wu diz que o trabalho também é "um bom passatempo" na vida de um idoso -hoje (27 de setembro) o país comemora o Dia Nacional do Idoso. "Vivo sozinho, mas minha agenda está lotada." Das 13h às 19h, ele cumpre sua jornada de trabalho; duas vezes por semana, das 9h às 11h, e às vezes, aos sábados, faz ginástica, alongamento e hidromassagem.
Os idosos cumprem uma jornada semanal
não muito diferente da da média dos ocupados, segundo o Dieese e a
Fundação Seade. No total, os ocupados trabalham em média 44 horas
por semana. Na faixa acima de 60 anos, 41 horas. Dieese e Seade
também constataram que o assalariado com mais de 60 anos fica mais
tempo no emprego (146 meses) do que assalariados de outras faixas
etárias (112 meses, na média). _______________________ Fonte: Folhadinheiro, Da reportagem local , 27/09/2004. |