
Doenças cardiovasculares,
como o derrame,
matam mais mulheres que o
câncer de mama e a Aids
A ocorrência de um acidente vascular cerebral (derrame) na
participante do Programa Big Brother, Marielza, 46 anos, revela uma
realidade perversa e muitas vezes desconhecida: as doenças
cardiovasculares como a principal causa de morte em mulheres e as
complicações, muitas vezes fatais, da “assassina silenciosa”, como é
conhecida a Hipertensão Arterial no meio científico.
A hipertensão está associada a 80% dos casos de derrame cerebral,
que tendem a ocorrer em razão de uma grande elevação da pressão,
como foi o caso de Marielza.
A Sociedade Brasileira de Hipertensão considera o momento oportuno
para a conscientização de nossa população, visto o alcance do
programa e suas repercussões. A temática das doenças
cardiovasculares em mulheres tem sido abordada por campanhas
recentes de entidades do mundo inteiro.
Mais que câncer de mama e aids
Segundo a ong internacional Federação Mundial do Coração (World
Heart Federation), as doenças cardiovasculares são a principal causa
de morte em
mulheres. Mais de oito milhões morrem, a cada ano, em decorrência desses
males, o que representa 18 vezes mais mortes do que o câncer de mama
e 6 vezes mais do que a AIDS. Nos países em desenvolvimento, metade
dos óbitos na população feminina está relacionada à doença cardíaca
e ao derrame.
Além disso, a comunidade científica está preocupada não apenas com a
conscientização das mulheres, mas também da classe médica. Durante o
Congresso Internacional de Hipertensão, realizado
em São Paulo, no ano passado, foram apresentadas pesquisas publicadas no exterior que
indicavam que 6 entre 10 médicos acreditam que os homens estão mais
vulneráveis à ocorrência de um derrame fatal, embora a mortalidade,
no geral, seja maior entre as mulheres – 11% contra 8,5% entre os
homens.
O Acidente Vascular Cerebral
O acidente vascular cerebral, ou o derrame cerebral, ocorre quando
há um entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, o "AVC
isquêmico" (caso de Marielza) provocando a paralisia da área
cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada. No caso do "AVC
hemorrágico" ocorre um rompimento do vaso, provocando sangramento no
cérebro.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, o AVC vem ocorrendo em
idade precoce, sendo a doença cardiovascular de maior prevalência na
população. Dos que sobrevivem à ocorrência de derrames, 50% ficam
com algum grau de comprometimento. Dados do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) demonstram que 40% das aposentadorias
precoces decorrem das mesmas.
Dados do Ministério da Saúde (2002) revelam que as doenças do
aparelho circulatório são campeãs em número de internações pelo SUS,
com 25%, número também equivalente às internações por doenças
cardiovasculares em mulheres, a partir dos 40 anos.
A ocorrência de derrames cerebrais pode ser prevenida, em grande
parte, com o controle dos níveis de pressão arterial em hipertensos,
o que, embora simples, tem se mostrado difícil de se alcançar na
prática. Isto porque muitos são os hipertensos que desconhecem a sua
condição e mesmo nos casos já identificados, a adesão ao tratamento
é sempre um desafio. Um estudo da OMS, por exemplo, indicou que um
ano após o diagnóstico de hipertensão, mais da metade dos pacientes
abandonam o tratamento. Daqueles que continuam a terapia, apenas 50%
toma pelo menos 80% dos medicamentos prescritos.
(ADHERENCE TO LONG-TERM THERAPIES:
Evidence for action, OMS 2003)
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Fonte: http://www.comunique-se.com.br |