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Velhos são os trapos Acácio Marques Está a ser um êxito na Alemanha, premiado e best–seller, o livro de Frank Schirrmacher, jovem de 44 primaveras, com título “A Conspiração de Matusalém”, o patriarca bíblico mais velho, 969 anos, e avô de Noé. Analisa, aprofunda e orienta, “temos de resolver o problema da nossa própria velhice para resolver o problema do mundo”, em que pela primeira vez são mais os velhos que os novos, sobretudo no Ocidente, onde nem os imigrantes são solução, embora venham ajudar. Aposta nos velhos, não declara guerra de gerações, propõe acabar com o “racismo” que exalta a juventude e denigre tudo para além dos 40, tirando–lhes confiança em si mesmo, a actividade profissional, a história do indivíduo com sua experiência e sabedoria acumulada, pretende mudar o conceito de velhice, ainda hoje igual ao da idade da pedra. Diz a história que, em política, ciência, arte, literatura, a criatividade, invenções e avanços, dão–se em pessoas acima dos 40, normalmente depois dos 70, que o anormal são os “meninos–prodígio”. Um estudo recente prova que a maioria dos actuais reformados, em vez de sumos, compram computadores e mais aparelhagem electrónica, trocam continuamente coisas velhas por novas, fazem tudo por se sentirem autónomos e úteis, mantêm claras metas de vida, resistem heroicamente a serem enterrados vivos. Schirrmacher opina ser errado o afastamento da vida activa, propõe consenso político para uma mudança cultural de mentalidade, reconhecendo sem medo a falsidade do mito da eterna juventude, até porque seria trágico, para o século XXI, o não contar com os velhos. Expõe como tarefa universal para todos, a grande missão de aprender a ser velho, sem fugas nem suicídios, com coragem para diariamente, se ver ao espelho, mesmo “senil e feio”.
Fonte: Asbeiras online, 06-09-2004 |
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