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A república da maturidade Finda a maratona olímpica, com seus louros, vitórias e quejandos, o sucesso final devidamente creditado à Atenas, berço onde nasceram os jogos olímpicos e também a filosofia, da idade de ouro de Péricles à República das idéias de Platão – outra refrega se nos descortina: a administração da nova era que se aproxima. Não se trata da Nova Era apregoada a quatro ventos pelos esotéricos, nem a Terceira Onda dos economistas escatológicos – quem sabe parte dessas perspectivas – mas, especificamente, dos prognósticos para a urdidura da República dos Idosos, a massa humana que habitará o mundo no futuro. O vaticínio é do filósofo inglês Frank Schirrmacher em cujo livro recente O Complô Matusalém destaca: “Nosso envelhecimento pessoal, não apenas o envelhecimento abstrato das estatísticas oficiais, já está sendo tratado como uma catástrofe natural”. Segundo ele e de certo modo contrariando o fatalismo malthusiano, o número de pessoas venerandas no mundo, em quatro ou cinco décadas, vai triplicar, enquanto o resto da população vai aumentar apenas 50%. Em razão disso, o futuro do mundo fará emergir – queiramos ou não – um verdadeiro Império dos Velhos, ou, como diremos melhor, da explosão do vanguardismo jovem da atualidade, sucederá, implacavelmente, em seu lugar, amanhã, um novo reino – a República da Maturidade. Se, para alguns o alarde se configurará um retrocesso ao avanço vertiginoso da nova sociedade progressista, para outros, os que integram a falange chamada Terceira Idade, consubstancia a prevalência da sabedoria e da prudência, a sobressair sobre a prepotência, o artificialismo e o endeusamento do virtualismo cultural recorrente no setor dos jovens. De logo impõe-se uma reflexão, a reboque da tentativa de querermos decifrar esse futuro enigma: será que os jovens de hoje, venerandos senhores de amanhã encontram-se preparados para assumir o papel que o mundo o está delegando? E quanto a nós, os que hoje nos sentimos abstraídos pelo decurso de prazo de validade de nossas vidas, o que fizemos de palpável e valorável na constituição do legado de que se apropriará nossos pósteros para melhorar o mundo? Qual a nossa verdadeira cota de responsabilidade, em que medida de esforço, amor, dedicação, talento, criatividade e espírito solidário contribuimos, até hoje e também no amanhã, para a construção e perpetuidade do sonho humano, por uma humanidade mais justa, mais nobre e mais digna de seu desígnio cósmico? É o que nos perguntamos e esperamos que o coração de cada um de nós ouse responder com a mesma sabedoria com que nos tornamos decanos nessa maravilhosa, mas ainda incompreendida aventura de viver |
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