Crônicas Cadastre-se!!! Links parceiros Links

Links Humor

 

 

 

Mulheres mais velhas também sofrem com anorexia e bulimia

Problema é cada vez mais freqüente entre as de 30, 40 e até 50 anos, afirmam médicos

Por Bonnie Rothman Morris

Quando se fala em anorexia ou bulimia, logo vem à mente uma adolescente cheia de ossos a mostra, que luta ferozmente para se manter magra. Mas os médicos dizem que está ocorrendo uma tendência perturbadora: um grupo crescente de mulheres das faixas dos 30, 40 e 50 anos com distúrbios alimentares. A maioria é composta por mulheres que têm maridos, crianças, trabalhos e os pais envelhecendo. Essas mulheres vivem com seu segredo enquanto tentam gerenciar os outros aspectos de suas vidas.

Lori Varecka, 44, diz que escondeu seus acessos de fome e de purgação por mais de duas décadas, sem nada contar ao marido, à mãe e aos três filhos. Mas em 1997 o que Lori tentava esconder já estava bem evidente: com cerca de 1,70m, pesava cerca de 43kg. Naquele ano, ela admitiu ao medico que estava doente. Finalmente, também contou à família.

Em alguns casos, segundo os especialistas, mulheres maduras com distúrbios alimentares sabem que há alguma coisa de errado, mas se recusam a dar um nome ao seu problema. Algumas sentem vergonha de ter uma doença normalmente associada a adolescentes.

"Essas mulheres se sentem como inválidas. Percebem que deveriam amadurecer", diz a Dra. Margo Maine, especialista em distúrbios alimentares de Hartford, no Estado de Connecticut, e autora de um livro que será lançado em breve sobre esse problema entre mulheres mais velhas: "Em que Estado nos Encontramos: Superando as Obsessões Femininas com Peso, Comida e Imagem Corporal".

Ninguém sabe ao certo quantas mulheres maduras têm esse tipo de distúrbio. Muitas lutaram contra a anorexia ou a bulimia por décadas. Outras chegaram a se curar dos seus distúrbios alimentares enquanto jovens, para depois terem uma recaída. Um outro grupo somente desenvolve a anorexia ou a bulimia quando chega a meia idade.

Os médicos suspeitam que a maioria dessas mulheres que só desenvolvem o distúrbio na meia idade na verdade estiveram excessivamente preocupadas com peso e imagem corporal durante toda a vida. A aparição repentina do distúrbio alimentar é muito rara, dizem os especialistas.

As anoréxicas são as que restringem drasticamente as calorias. Já as bulímicas se alimentam para depois purgar, seja pelo vômito ou por meio de laxantes. Mulheres de ambos os grupos freqüentemente praticam exercícios em excesso.

Pacientes com distúrbios alimentares podem sofrer sérias conseqüências mentais e físicas. A anorexia pode levar à osteoporose, problemas cardíacos, calvície e a contusões freqüentes. Queda acelerada dos dentes e problemas gastrintestinais estão entre as complicações mais comuns provocadas pela bulimia. Pesquisadores descobriram que a anorexia em particular é um dos distúrbios mentais que mais matam: um estudo que acompanhou pacientes por 30 anos indicou que 18% a 20% dessas mulheres morreram nesse período.

Depois que Lori Varecka contou à família sobre a doença, durante dois anos ela entrou e saiu quatro vezes de um programa de internação, numa instituição próxima à casa dela, num subúrbio da cidade de Minneapolis.

Atualmente, ela mantém as preocupações com o corpo. Mas diz que, embora já há dois anos não confira mais seu peso na balança, todo dia é um dia de luta. "É um tormento; é o demônio", diz Lori. "Infelizmente, isso afeta outras pessoas que fazem parte da minha vida".

Tradução: Marcelo Godoy

Fonte: The New York Times
06/07/2004

Voltar
Cadastre-se
Imprimir Notícia