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Quem ganha peso
depois dos 40 perde a memória após os 60
Dieta
rica em vegetais também é benéfica para o cérebro, aponta pesquisa
inédita
Por Kathleen Fackelmann
As pessoas que ganham quilos extras na meia idade podem estar
aumentando seu risco de desenvolver o mal de Alzheimer nos anos
posteriores, segundo um estudo divulgado nessa segunda-feira
(19/07). Esse estudo, além de outros dois apresentados na Nona
Conferência sobre o Mal de Alzheimer e Doenças Correlatas, sugere
que o mesmo estilo de vida sedentário que acelerou a epidemia de
obesidade nos Estados Unidos poderá contribuir para uma onda de
casos de Alzheimer dentro de poucas décadas.
Especialistas dizem que o número de casos irá aumentar dos atuais
4,5 milhões para 16 milhões por volta do ano de 2050. Mas esse
número provavelmente ainda não leva em conta o crescente problema do
ganho de peso em todo o país, de acordo com Neil Buckholtz, do
Instituto Nacional de Estudos sobre a Velhice: "Talvez estejamos
subestimando esse problema. É assustador".
Ao mesmo tempo, esse relatório e outros já apresentados sugerem que
as pessoas que perdem peso, mudam sua dieta e que regularmente
desenvolvem algum tipo de atividade cerebral podem estar reduzindo
suas possibilidades de contrair o mal de Alzheimer.
No primeiro estudo observado, Miia Kivipelto, do Instituto
Karolinska de Estocolmo, na Suécia, acompanhou 1.500 pessoas durante
21 anos. A equipe de Miia descobriu que as pessoas na faixa dos 50
anos dobravam o risco de desenvolver demência se eram obesas.
E nas pessoas que também tinham outros fatores de risco além da
obesidade, como pressão alta e altos índices de colesterol, o risco
de desenvolver a demência era seis vezes mais alto que nas pessoas
que não desenvolveram esses riscos à saúde.
A obesidade também pode elevar o risco do mal de Alzheimer ao
aumentar os fatores de risco cardiovasculares, como o alto grau do
colesterol. O raciocínio é o de que esses mesmos fatores de risco
podem levar à obstrução das artérias, limitando o fluxo sanguíneo
até o cérebro. Com o passar do tempo, esse processo degenerativo
pode levar ao Alzheimer.
Outras descobertas que surgiram no encontro da Filadélfia:
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Um estudo
conduzido por Jae Hee Kang, da Escola de Medicina de Harvard,
indica que mulheres na meia idade que comem folhas verdes em
abundância ou vegetais crucíferos, como couve-flor, repolho e
brócolis, ajudam a preservar a capacidade do seu cérebro pelos
anos seguintes. Como exemplo, Kang descobriu que as mulheres que
comiam oito porções semanais de vegetais como o espinafre obtinham
resultados ligeiramente melhores em testes cognitivos, se
comparadas com mulheres que comiam somente até três porções do
vegetal por semana. Mulheres que comiam até cinco porções de
vegetais da família das crucíferas, como brócolis, obtinham um
benefício semelhante. Uma porção equivale a meia xícara, segundo a
cientista. Os resultados sugerem que uma dieta a base de vegetais
reduz o envelhecimento do cérebro. Os vegetais contém
antioxidantes que podem defender o cérebro da ação danificadora
dos radicais livres, moléculas consideradas como aceleradoras do
envelhecimento do cérebro, constata Kang.
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Um estudo
desenvolvido com 800 pessoas da terceira idade, coordenado por
Laura Fratiglioni do Instituto Karolinska, descobriu que as
pessoas envolvidas regularmente em atividades sociais,
intelectualmente estimulantes ou atividades com componentes
físicos tinham as melhores possibilidades de evitar a demência.
Atividades como as danças de salão, jogos de bingo ou a
jardinagem, todas elas ajudam os mais velhos a regenerar suas
células cerebrais, diz Fratiglioni. Se combinarmos todos esses
resultados, os estudos sugerem que nunca é tarde para se adotar um
estilo de vida mais saudável. "Agora sabemos que há muito o que se
fazer para ajudar o cérebro", conclui Marilyn Albert, uma
neurologista da Universidade Johns Hopkins, da cidade de
Baltimore.
Fonte: Folha de São
Paulo
Data: 20/07/2004 |
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