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A sabedoria como meio para resgatar a auto-estima
“Aos quinze anos, me dispus a aprender Há 22 anos, como médico e terapeuta transpessoal, atuando na área da saúde plena das pessoas na terceira idade, freqüentemente ouço questionamentos que se apresentam muito mais como afirmação embutida do que dúvida tácita: “O que tem de positivo em envelhecer?”. E complementam com todas as inequívocas degenerescências físicas próprias dessa faixa etária, ou seja, rugas, compleição muscular, debilidade óssea, perda da acuidade visual e auditiva, etc, etc. como que já querendo me convencer de que nada tem de positivo em envelhecer. Numa análise menos prudente corre-se o risco de concordar com tais colocações. Porém, cabe aqui uma auto-análise: Quem é responsável por essa convicção do idoso? (Definimos IDOSO qualquer pessoa acima de 60 anos). Num questionário informal que fizemos, ao longo de nosso trabalho na área, com indivíduos de 20 a 40 anos, por ocasião de cursos, palestras, atendimentos de clínica, abrangendo os mais diferentes níveis intelectuais, sociais, culturais e étnicos, causou-nos surpresa o número de respostas “VERDADEIRA A AFIRMAÇÃO” (as opções eram: verdadeira ou falsa), de cerca de 91% de entrevistados para as questões abaixo: 1. O IDOSO PERDE A CAPACIDADE DE APRENDER. 2. O IDOSO É INCAPAZ DE MEMORIZAR ALGO. 3. A INTELIGÊNCIA DIMINUI COM A IDADE. 4. O IDOSO PERDE TODA CAPACIDADE SEXUAL. 5. A VELHICE É DOENCA. 6. O IDOSO ESTÁ MAIS PERTO DA MORTE. 7. O IDOSO NAO TEM FUTURO OU SONHOS. As respostas de concordância com as afirmações demonstram como estas crenças estão enraizadas nas populações jovens. E também, como pelo comportamento da faixa etária entrevistada, perante os idosos, pode influir e implantar essas crenças de tal forma que passam a ser verdade absoluta na vida do idoso, agregando comportamentos negativos inerentes a elas. Aí, o resultado é baixa-estima.
O que certamente se esquece é a parte positiva do avançar da idade, ou seja, a SABEDORIA. Esta se traduz pelo aflorar das qualidades e sentimentos interiores tais como: amorosidade, respeito à vida, desenvolvimento da arte do saber escutar, a compreensão, paciência, etc - virtudes da sabedoria que suplantam a degenerescência física. Em decorrência de nossa atuação nessa área, formatamos em parceria com o Instituto Tadashi Kadomoto*, uma vivência que denominamos “Resgatando a auto-estima com sabedoria”.Trata-se de um desafio proposto ao idoso acima de 60 anos (sem limite superior) para ficar dois dias em um hotel em Itu, com o propósito de colocá-lo defrontando-se com suas sombras, seu eu interior, seus traumas, medos e inseguranças, compartilhando esses sentimentos com o grupo. E assim, estimulando e induzindo o aflorar da sabedoria, poder ressignificar e integrar esses sentimentos e comportamentos limitantes. A idéia desta vivência surgiu das experiências vividas com a interação junto ao idoso. E acima disso, tendo a percepção da sensibilidade que a idade e por conseqüência a sabedoria traz. Todavia, na grande maioria das vezes, é impedida de vir à tona pelas crenças limitantes às quais os idosos são condenados.
Percebemos então, que podem viver melhor quando são atendidos de forma holística, respeitando seus limites e reconhecendo sua imensa SABEDORIA. “Venha contar sua história velha, e descobrir uma história nova” “Esther pergunta ao velho nômade, por que as pessoas são tristes. É simples, responde o velho. Elas estão presas à sua história pessoal. Todo mundo acredita que o objetivo desta vida é seguir um plano. Ninguém se pergunta se este plano é seu, ou foi criado por outra pessoa. Acumulam experiências, memórias, coisas, idéias dos outros, que é mais do que podem carregar. E portanto, esquecem seus sonhos...
O que fazer para abandonar esta história que nos contaram? Repeti-la em voz alta, nos seus menores detalhes. E, à medida que contamos, nos despedimos do que já fomos e – você verá, se tentar – abrimos espaço para um mundo novo, desconhecido. Repetiremos esta história antiga muitas vezes, até que ela não seja importante para nós. Só isso? Falta um detalhe: à medida que os espaços vão sendo esvaziados, para evitar que nos causem um sentimento de vazio, é preciso preenchê-los rapidamente – mesmo que seja de maneira provisória. Como? Com histórias diferentes, experiências diferentes que não ousamos ter, ou que não queremos ter. Assim mudamos. Assim o amor cresce. E quando cresce o amor, crescemos com ele. Isso também significa que podemos perder coisas que são importantes.
Jamais. As coisas
importantes sempre ficam – o que vai embora são as coisas que
julgávamos importantes, mas são inúteis... Reparamos que, à medida que esvaziássemos nossas cabeças de histórias já velhas e vividas, um espaço novo era aberto, uma misteriosa alegria entrava, ficávamos mais corajosos, arriscávamos mais, fazíamos coisas que julgávamos erradas ou certas – mas fazíamos. Os dias eram intensos.” (Idem, p.199)
Referência:
Dr. João de Souza Filho Médico, Pós-Graduado em Medicina Ocupacional e Administração Hospitalar, Proprietário da Globemed - Assistência Médica, Coordenador da Cerclim - Centro de Referência de Climatério e Menopausa, Presidente da Associação Paulista de Medicina - Regional Osasco, Palestrante de temas relacionados ao Idoso, Coordenador da Vivência de Auto-Ajuda para Idosos (Resgatando a Auto-estima com Sabedoria), Terapeuta Transpessoal, Ex-Professor da Faculdade Aberta da Terceira Idade - FEAO - Osasco. E-mail: globemed@ig.com.br |
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